A EMT é considerada um tratamento de primeira linha para depressão naqueles pacientes que falharam em pelo menos um tratamento antidepressivo.
Há muitos anos, pesquisadores e profissionais da saúde mental estão trabalhando para encontrar novos métodos na luta contra a depressão. A Estimulação Magnética Transcraniana vem se juntar ao arsenal utilizado por esses profissionais nesta batalha.
Mas o que é EMT (ou TMS em inglês)? Qual o tipo de paciente que pode se beneficiar dela, como funciona, sua duração, entre outras informações relevantes a respeito dessa técnica inovadora e bastante efetiva contra a depressão.
A EMT é considerada um tratamento com o maior nível de evidência de eficácia para depressão (nível A), pelo FDA (órgão regulador de saúde) americano.
É um tratamento de primeira linha para depressão? Sim, a EMT é considerada um tratamento de primeira linha para depressão naqueles pacientes que falharam em pelo menos um tratamento antidepressivo.
A aplicação acontece com paciente acordado, dura em torno de 30 minutos, não necessita de acompanhante, não precisa de preparo ou jejum, paciente pode realizar qualquer atividade após a aplicação e devem ser realizadas 30 sessões inicialmente.
A EMT não possui efeito imediato, assim como o uso de medicamentos. Seus efeitos costumam ser sentidos quando ao redor da 15a aplicação. Em algumas pessoas os efeitos podem ser sentidos após a 36a aplicação.
A EMT possui muito menos efeitos colaterais do que os medicamentos. Na maioria dos casos a aplicação é indolor, mas raramente pode ocorrer desconforto ou dor leve durante a sessão e que melhoram com analgesicos.
Estudos mostram que a administração de antidepressivos com a EMT traz resultados mais eficazes, por isso o médico deve manter a medicação para auxiliar no tratamento.
A Estimulação Magnética Transcraniana de Repetição (EMTr) é um tratamento inovador e não invasivo para o tratamento da Depressão. Suas principais características são:
Atualmente, a estimulação magnética transcraniana é indicada principalmente para o tratamento da depressão, especialmente quando o paciente não responde ao tratamento farmacológico — o que acontece em 30% dos casos. Estes casos são conhecidos como depressão refratária.
Numerosos estudos mostraram que o transtorno depressivo maior normalmente requer mais de uma etapa de tratamento para alcançar a remissão dos sintomas. Mesmo utilizando a terapêutica adequada, 50-85% dos casos recorrem e 20% tornam-se crônicos. Entre os pacientes que sofrem de depressão maior, 10% são cronicamente resistentes a várias intervenções psicofarmacológicas.
Durante muito tempo, a depressão foi erroneamente considerada uma “doença de gente de cabeça fraca”, além de outras definições preconceituosas. Felizmente, com o aumento do acesso à informação pelas pessoas, essa forma de pensar vem se modificando.
Nos dias atuais, a depressão é considerada um problema de saúde pública pelas autoridades e pela população em geral, aumentando o interesse pelo conhecimento e formas de tratamento. É muito difícil alguma família não ver um membro sofrendo com essa condição e não se sentir tocada pelo problema.
A depressão É um problema médico grave e altamente prevalente na população em geral. De acordo com estudo epidemiológico a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5% (algo em torno de 33 milhoes de pessoas). Segundo a OMS, a prevalência de depressão na rede de atenção primária de saúde é 10,4%, isoladamente ou associada a um transtorno físico.
Ainda de acordo com a OMS, a depressão situa-se em 4º lugar entre as principais causas de ônus, respondendo por 4,4% dos ônus acarretados por todas as doenças durante a vida. Ocupa 1º lugar quando considerado o tempo vivido com incapacitação ao longo da vida (11,9%). A época comum do aparecimento é o final da 3ª década da vida, mas pode começar em qualquer idade.
De acordo com um artigo publicado no Canadian Journal of Psychiatry em 2016, a estimulação magnética transcraniana está entre um dos tratamentos mais eficazes quando comparado com outras técnicas de neuromodulação, como a eletroconvulsoterapia e estimulação do nervo vago.
A EMT geralmente demora algumas sessões para fazer efeito e após o tratamento inicial necessita de um período de tratamento de manutenção, para diminuir as chances do paciente apresentar recaídas. Também é preciso haver comprometimento do paciente para o as sessões de tratamento diário.
A EMT fortifica áreas cerebrais envolvidas no processamento de emoções e atua no equilíbrio razão e emoção, modificando sinapses cerebrais.
Pacientes com depressão têm uma atividade aumentada nas regiões ligadas à emoção (cíngulo subcaloso) é uma atividade diminuída na razão córtex pré-frontal dorsolateral.
Sessões repetidas de EMT ativam os mesmos processos celulares envolvidos em aprendizagem e condicionamento e resultam em aumento na atividade do córtex pré-frontal (razão) que se fortalece em relação ao cíngulo subcaloso (emoção) e favorece o balanceamento entre razão e emoção.
Esse aumento de atividade, pode ser percebido pelo paciente como uma sensação de maior controle sobre suas emoções e impulsos. Emoções passam a ter impacto mais leve na consciência e evitam que a atenção fique presa em ruminações e preocupações.
Essas mudanças possibilitam que os interesses, o grau de energia e o ânimo, voltem a se elevar e ajudem o paciente a sair do estado depressivo.
Em psiquiatria a tecnica de EMT é indicada em caso de alucinações auditivas em pacientes com esquizofrenia. Fora da psiquiatria, a estimulação magnética transcraniana é usada para tratar dores neuropáticas e nociceptivas, auxiliar na recuperação de acidentes vasculares encefálicos, tratamento de doenças neuromusculares e desordens do movimento, além de amenizar sintomas motores do mal de Parkinson.
A sessão de estimulação magnética transcraniana e pode durar de 20 minutos a 50 minutos. Em geral, os pacientes precisam realizar sessões diárias no início do tratamento, para então fazer a manutenção com sessões uma vez por semana ou por mês. Contudo, a duração e frequência do tratamento varia de pessoa para pessoa, sendo que apenas um psiquiatra é capaz de dizer o número de sessões adequadas para cada paciente.
Durante o procedimento, o paciente fica sentado ou deitado confortavelmente, vestindo uma touca, enquanto uma bobina é colocada sobre sua cabeça.
Em seguida, a máquina-bobina gera pulsos magnéticos que agem em áreas específicas no córtex cerebral, equilibrando o fluxo de neurotransmissores e melhorando a qualidade das sinapses, o que resulta em uma amenização dos sintomas depressivos e até mesmo psicóticos, como no caso das alucinações auditivas.
O procedimento é bastante seguro e a(o) paciente é rapidamente liberada(o). Não é necessário repousar ou deixar de fazer suas atividades diárias.
É importante ressaltar que, durante a sessão, não se deve utilizar aparelhos eletrônicos como celulares, tablets, relógios, entre outros.
Embora a estimulação magnética transcraniana não traga tantos efeitos colaterais quanto os medicamentos antidepressivos, ela ainda traz alguns efeitos adversos.
Na maioria dos casos, a EMTr é indolor. No entanto, em uma pequena parcela da população, ela pode causar dores no couro cabeludo durante o procedimento, além de dor de cabeça transitória após a sessão. Contudo, essas dores não costumam ser muito graves e podem ser amenizadas com analgésicos.
Felizmente, esses efeitos colaterais se tornam menos frequentes conforme o tratamento avança.
A maior contraindicação da EMTr é a presença de implantes de metal na cabeça, como implantes cocleares, estimulantes cerebrais, eletrodos, clipes de aneurisma, entre outros.
A principal contraindicação relativa é um histórico de convulsões ou epilepsia, pois as alterações feitas pelos pulsos magnéticos no córtex cerebral pode desencadear crises convulsivas. Embora isso seja extremamente raro e só acontecer em uma das técnicas realizadas, é preciso considerar essa possibilidade.
Outras contraindicações relativas são possuir marca-passo cardíaco, desfibrilador interno ou uma lesão cerebral.
O tratamento inicial tem, em média, 30 sessões. Estas podem ser feitas diariamente, de segunda a sexta, fazendo o tratamento durar cerca de 6 semanas. Entretanto, esses números não são fixos e variam de caso para caso.
Existe a possibilidade de tratamento intensivo, onde são realizadas 5 sessoes por dia, de segunda a sexta, por 2 semanas.
A frequência das sessões pode ser modificada de acordo com a evolução do quadro, o que garante que o paciente será tratado adequadamente. Por isso, é difícil dizer quanto tempo o tratamento dura, uma vez que pode ter durações diferentes dependendo do caso.
A EMTr não possui um efeito imediato, assim como o uso de medicamentos. No entanto, ela costuma ser muito eficaz e seus efeitos podem ser sentidos quando chega na metade do tratamento.
É comum que o próprio paciente demore um pouco para se dar conta de que o tratamento está funcionando, pois as mudanças iniciais costumam ser bem sutis.
Não é necessário parar de usar a medicação para fazer a EMTr. No entanto, assim que o tratamento faz afeito, as doses podem ser reajustadas para que não haja interferência entre o tratamento farmacológico e a estimulação magnética transcraniana.
Estudos mostram que a administração de antidepressivos com a estimulação magnética transcraniana traz resultados mais eficazes do que apenas a repetição (EMTr), por isso, o médico pode manter a medicação para auxiliar no tratamento.
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